Por Rejane Júlia • 02/07/2024
Pedras estão sendo empilhadas, criando uma uma barragem no rio Boa Vista em Ouro Preto do Oeste
Para evitar que a população de Ouro Preto do Oeste sofra com a falta de água durante o período crítico do verão amazônico, a Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia - Caerd iniciou nesta segunda-feira, 1º de julho, as obras de contenção no rio Boa Vista. Após a autorização do órgão ambiental do município, a iniciativa visa elevar o nível da água do principal ponto de captação da Companhia na cidade, garantindo a captação, tratamento e distribuição adequada para os moradores da região.
Segundo o gerente da Caerd em Ouro Preto do Oeste, a última medição de vazão do rio, realizada em 3 de junho deste ano pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental - Sedam, registrou 2.707 litros por segundo. No entanto, há preocupação de que o nível baixe devido à estiagem que chegou mais cedo este ano. “Hoje, o Boa Vista tem bastante água, mas é preciso antecipar as ações. Os órgãos de controle do tempo informam que a estiagem de 2024 será mais severa. Não queremos que a vazão caia para 871 litros por segundo, como ocorreu em 2022, quando o rio ficou muito seco no final de agosto e setembro,” destacou José Iram Dantas de Lima.
No primeiro estágio das obras, uma máquina está sendo usada para realizar o revestimento de pedras, criando a barragem. Funcionários da Companhia e mão de obra reeducanda, cedida pela Secretaria Regional de Governo no município e com o apoio da Prefeitura de Ouro Preto do Oeste, estão enchendo sacos de areia que serão usados na represa. O trabalho é supervisionado pelo engenheiro civil da Caerd, Vagner Zacarini, junto com a equipe local da empresa.
“Os sacos de areia serão usados para revestir as pedras, seguidos pela aplicação de uma lona e mais uma camada de sacos de areia. Essa contenção permitirá o transbordo por cima da parede, mantendo a reserva de volume de água do rio para captação,” explicou Zacarini.
A ação integra o Plano de Urgência e Contingência à Crise Hídrica de 2024, desenvolvido pela Caerd para minimizar os impactos da escassez de água e garantir o abastecimento de água tratada durante o período crítico.
Para o diretor técnico e operacional, Lauro Fernandes, o plano abrange todos os municípios e localidades assistidos pela Caerd, com foco especial nas cidades de Espigão do Oeste, Cerejeiras e Ouro Preto do Oeste, consideradas de risco extremo devido à falta de recursos hídricos abundantes. “A região de Ouro Preto não dispõe de fartura hídrica. A sazonalidade na Amazônia afeta diretamente o abastecimento de água, uma vez que os cursos d'água são de pequeno porte e sofrem drasticamente com a redução de seus níveis durante o verão. É importante que as famílias utilizem a água de forma consciente, somente em atividades essenciais,” ressaltou Fernandes.
Fernandes também enfatizou a importância de instalar caixas d’água de pelo menos 500 litros nas residências, conforme a Lei Federal do Saneamento Básico (nº 11.445) e a NBR 5626 da ABNT, que regulamentam a instalação de reservatórios. “Ter uma caixa d’água em casa garante um fornecimento contínuo durante interrupções no abastecimento e evita sobrecargas nas tubulações,” orientou.